Uma grande festa marcou a inauguração de mais um biodigestor no distrito de Palmital de Minas, na propriedade de Geraldo José dos Reis. Com este já são quatro equipamentos instalados e funcionando em pequenas propriedades agrícolas, a maioria em áreas de assentamentos. Um equipamento está montado na Escola Técnica de Natalândia e há verba para a construção de mais quatro.
O prefeito Odilon de Oliveira Lima, que participou da festa de inauguração, comemora. Para ele, há um bem enorme para a região, trazendo economia para o produtor e benefícios importantes para manutenção e conservação do meio ambiente. Ele apoia a intenção de, em médio prazo, manter um fundo rotativo para construir um biodigestor/mês. “O fundo garante o recurso para a compra do material e se constrói no esquema do mutirão”, explica Zé da Viola, pioneiro na construção de um biodigestor adaptado para a região.
Servidor público atuando na área social, Zé da Viola considera motivo de orgulho participar dos projetos desde o início. “O produtor se orgulha de produzir o próprio gás usando dejetos de animais”, afirma. Para ele, o retorno é maravilhoso. “A gente está contribuindo com o meio ambiente, num projeto inovador que traz inúmeros benefícios”.
O COMEÇO
O uso de biodigestores para produção de gás de cozinha e geração de energia elétrica se estende em pequenas propriedades na região mineira de Cabeceira Grande. Segundo o pioneiro José Lopes da Silva, conhecido Zé da Viola, em pouco mais de um ano um grupo de produtores já domina esta tecnologia batizada de Primobio (primeiro biodigestor sertanejo selado construído no Brasil). Selado porquê tem um selo d´água que evita vazamento ou perda de gás metano.
A tecnologia social inovadora está se espalhando – quatro biodigestores já estão prontos. O primeiro, construído em forma de mutirão, em maio de 2017, resulta da parceria entre o Centro de Estudos e Assessoria e a prefeitura de Cabeceira Grande (MG). O primeiro protótipo custou em torno de R$ 8 mil e foi montado durante um curso de 48 horas ministrado por técnicos do Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Hoje o custo estimado é de R$ 6 mil.
“Daí resultou a tecnologia do primeiro biodigestor sertanejo selado construído no Brasil (BSS), no distrito de Palmital”, nos conta Zé da Viola. Ele explica que foram feitas adaptações a fim de atender à necessidade local. 20 pessoas participaram do curso, mas apenas dois seguiram difundindo a técnica. Outra parceria fundamental ocorreu com o Laboratório Educacional de Tecnologia Social e Energias Renováreis (LETS) e o Centro de Educação Popular e Formação Social (CEFPS-PB).
O sonho é replicar os modelos, intensificar a divulgação para que outros municípios possam conhecer e ‘abraçar’ a ideia. Hoje, 20 produtores da agricultura familiar participam deste projeto de tecnologia social. 120 são diretamente beneficiados. Aqueles indiretamente beneficiados ainda não é possível mensurar, pois muitos recebem o biofertilizante e biomassa, ricos em matéria prima que fertiliza a terra.
Na fila – Morador no assentamento Unidos Venceremos, em Palmital, o pequeno produtor Ivo Nogueira Lima, 60 anos, a serem completados em maio, vive na companhia de sua esposa. Ele aguarda ansioso ser sorteado para receber a instalação do biodigestor. “Ainda não foi dessa vez”, disse ele, explicando que a escolha das propriedades é feita por sorteio. No assentamento vivem 33 famílias.
Pequeno produtor de leite, ele destaca entre os benefícios de se ter o equipamento na propriedade, além do gás metano – que serve para cozinhar e gerar energia para conservação do leite – a preservação ambiental. “O estrago que foi feito é grande, com o biodigestor o alívio para o meio ambiente é grande”, afirmou. O desejo de seu Ivo é conseguir um sistema de irrigação que permitisse o cultivo de hortaliças.
Economia – O biodigestor transforma os dejetos em gás e também produz biofertilizante – um subproduto sem cheiro, sem proliferação de insetos, usado como adubo em hortas e pequenas lavouras. O entusiasmo pelo uso da tecnologia é grande, principalmente pelo baixo custo e economia gerada. O produtor que dispõe desta tecnologia diminui despesas com compra de gás, transporte, conta de energia elétrica e fertilizantes. Também dispensa a extração de madeira verde para futura produção de lenha.
“É preciso ‘lenhar o verde’ a fim de garantir lenha seca para daí a 3, 4 meses e isso é grande preocupação do produtor para não faltar”, explica Zé da Viola. O uso do biodigestor permite o destino correto e sustentável dos dejetos animais – de gado, suíno, de galinhas e outros, produzido nas propriedades da agricultura familiar, em especial produtores de leite.
É uma opção de aproveitamento da energia renovável (ER) de ótimo rendimento – diminui custo com gás, energia elétrica externa, proporcionando energia limpa e aproveitamento de subprodutos, a exemplo o biofertilizante que pode ser usado em horas, lavoura, pomares e hortas, favorecendo assim a produção agroecológica orgânica e sustentável.
O gás pode ser usado em chocadeiras, caldeiras, secagem de mandioca, preparo de doces, rapaduras entre outras infinitas atividades. Daí justificar até mesmo o nome Projeto Inovar – biodigestores renovando energia, cidadania e solidariedade.
Também participaram da festa de inauguração: o prefeito de Cabeceira Grande, Odilon Lima, a assistente social do Centro de Estudos e Assessoria (CEA), Elenir Nardi, vereador Paulinho, a presidente da Associação Diversidade Cultural e Social, Genita de Paiva.
Comment
Maria José ferreira lima
Ola boa tarde!
Sou de uma Cooperativa de Pequenos Produtores Ruais da Nordeste Estado do Tocantins, já tinha ouvido falar muito no Bio gestor a 12 anos atrás mas nunca tinha visto nenhum instalado., gostaria muito de conto do zé da Viola para então entrar em contato com ele fazer um curso em nossa região te assentamento e necessita muito desta tecnologia. Achei super agroecológico tudo isso tem que ser replicada esta ideia e é com esta ideia que quero o curso aqui no meu estado.
aguardo contato.