As diversas possibilidades existentes na economia solidária – desde produção, comercialização, autofinanciamento, sistema de crédito e consumo – foram temas da conversa com migrantes, sexta-feira (22), no Centro Público de Economia Solidária. “O importante é trabalhar a construção de relações mais justas e solidárias e ao mesmo tempo desconstruir a cultura para a competição”, disse a coordenadora técnica do projeto Centro Oeste Solidário (COSolidário), Synara de Almeida Pinto, ao falar sobre diferentes projetos contemplados dentro do conceito de economia solidária.
O grupo de migrantes formado por africanos do Senegal, Gana, Nigéria, Camarões e Togo e também por jovens oriundos da Argentina, Equador e Afeganistão ouviam as explicações com ar de curiosidade. Eles visitaram o Centro Público, em companhia da professora Shirlei Silva, que ministra as matérias empreendedorismo e economia solidária no curso oferecido a eles pela Cáritas Brasil.
De profissões diferentes, eles chegaram ao Brasil entre cinco anos a cinco meses e enfrentam dificuldades com a língua e cultura brasileiras. “Os migrantes são muitos e estão praticamente invisíveis espalhados pelo Distrito Federal”, disse Shirlei. A roda de conversas no Centro Público representa uma forma de acolhimento pela multiplicidade de oportunidades apresentadas.
O Centro reúne diferentes entidades que atuam no Fórum de Economia Solidária, criado em 2003. É um espaço dinâmico: há reuniões, cursos, treinamentos, feiras. São 18 grupos organizados em associações, cooperativas, informais, agricultura familiar, rede feminista, confecções, jovens, vestuário e serviços. “Qualquer campo da economia ou de atividade pode ser organizado dentro da economia solidária”, disse Synara, há dez anos atuando no setor.
Para Patrícia Ferreira de Almeida, do Grupo Pequi de Comercialização, responsável pelo artesanato exposto no local, a união, a troca e a fabricação em conjunto são importantes para garantir que não há exploração do trabalho. Todo o artesanato tem uma etiqueta constando nome do artesão, telefone e valor da peça. “A produção autoral é a única exigência para que o produto seja comercializado dentro da rede de economia solidária”, explica Patrícia.
A Rede Pequi foi criada para apoiar principalmente as mulheres. Além da produção em conjunto – todas as quartas-feiras no Batalhão das Artes, o grupo de mulheres se reúne para produzir junto; uma quarta-feira por mês é dia de “lazer sem culpa”, diversão sem o trauma de estar perdendo tempo. E, para regozijo da maioria, os migrantes já estão convidados a se unir aos grupos, dando asas a criatividade e usando seus talentos.
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