A elaboração de estratégias para fortalecer a economia solidária e a organização desses trabalhadores reuniu, através da Agência de Desenvolvimento Solidário(ADS), diversas cooperativas, associações e grupos de trabalhadores para participar do Seminário Nacional Sindicalismo, Cooperativismo, Associativismo e Economia Solidária. O diretor presidente do Centro de Estudos e Assessoria, Haroldo Mendonça, participou do seminário.
De acordo com reportagem divulgada no site da Central Única dos Trabalhadores (CUT), durante o encontro houve uma análise conjuntural do país. Entre os temas abordados estão as transformações no mundo do trabalho, a concentração de renda e a relação da economia solidária com o movimento sindical. O grande desafio é a convivência com o aumento de trabalhadores informais, ambulantes, os que vendem o que produzem e os trabalhadores que dependem de plataformas digitais, a exemplo do Uber e Ifood. “Esses trabalhadores têm demandas, e não têm a exata consciência da necessidade de organização, por isso precisam de orientação e amparo”, afirmou o secretário de Organização da CUT e coordenador da ADS, Ari Aloraldo do Nascimento.
O papel do movimento sindical é conhecer as demandas de cada um. Os vendedores ambulantes, por exemplo, vão para as ruas todos os dias, mas na iminência de perderem tudo se a fiscalização, o “rapa”, passar. Os trabalhadores de entregas por aplicativos carregam caixas pesadas nas costas, em uma bicicleta ou motocicleta, por muitos quilômetros durante o dia, e precisam entender que mesmo sendo ‘donos do próprio tempo’, têm de se proteger de alguma maneira para não serem explorados pelo poder econômico”.
Oportunidades
O Seminário também possibilitou a aproximação de associações e cooperativas para que pudessem conhecer um ao outro, criando inclusive oportunidades de negócios, ou seja, consumindo os próprios produtos. O economista e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Ladislau Dowbor, citou o exemplo de cidades na Europa e nos Estados Unidos, em que as economias locais adotaram o conceito de economia solidária, e passaram a ser organizar regionalmente, criando consórcios intermunicipais. Ele ressaltou que o papel dos sindicatos deve ser a formulação de caminhos para expandir a organização do potencial subutilizado de cada região.
Mudanças
Para o técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) Fausto Augusto Júnior, quaisquer estratégias para fortalecer os sistemas de economia solidária devem passar pela reformulação do modelo de gestão. E o principal princípio para nortear a administração dos empreendimentos é a solidariedade.
“É preciso entender que os trabalhadores têm suas dificuldades, necessidades, horários, e capacidades e é preciso levar em consideração esses fatores para poder gerir o negócio, com o princípio da solidariedade do cooperativismo”, disse ele.
A tecnologia surge como a principal aliada para auxiliar no modelo de gestão. Proposta tanto pelo técnico do Dieese como o professor Ladislau Dowbor é preciso, antes de mais nada, difundir o conhecimento, também de forma solidária. “Quando você passa uma ideia adiante, você continua com essa ideia e isso é um conceito solidário”, afirma o professor.
A “economia do conhecimento”, ou seja, a difusão e compartilhamento de tecnologias sociais facilitação o enfrentamento para que as transformações em curso no mundo do trabalho – em todos os setores – possam ser enfrentadas. A boa gestão de empreendimentos de economia solidária, junto com o conhecimento evitará a exploração econômica prejudicial ao negócio, como por exemplo, aumentar preços na ponta final – a venda do produto.
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