A Agricultura Familiar se destaca como protagonista entre as pautas mundiais nos próximos 10 anos. Esta é a agenda política criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), ao definir a Década da Agricultura Familiar – de 2019 a 2028. A intenção da ONU é envolver os esforços de governos e sociedade de todos os países das Nações Unidas em uma pauta comum pelo fortalecimento da agricultura familiar.
O lançamento oficial da Década ocorreu entre 27 e 29 de maio, na sede da FAO, em Roma. A ocasião reuniu representações de governos, redes mundiais e organizações representantes da sociedade civil de todos os continentes, muitas das quais participaram na construção do Plano Mundial de Ação da Década da ONU para a Agricultura Familiar.
De acordo com reportagem assinada Gabriella Avila, para o site da COPROFAM, este Plano de Ação é um documento que norteia as ações necessárias para o cumprimento dos objetivos da Década. E a execução dos compromissos foi definida a partir de sete pilares que contemplam as prioridades da agricultura familiar visando o desenvolvimento completo e sustentável do setor.
Na abertura do lançamento da Década, o vice-presidente e secretário de Relações Internacionais da CONTAG, Alberto Broch, que também é vice-presidente do Fórum Rural Mundial e secretário geral da Coordenação das Organizações de Agricultores Familiares do Mercosul (COPROFAM) fez um aclamado discurso em nome dos agricultores. Em sua fala, ele trouxe as expectativas dessas pessoas e das organizações que as representam em relação aos resultados práticos da Década.
Alberto Broch destacou que 80% de toda produção de alimentos no mundo está sob responsabilidade da agricultura familiar, que detém apenas 8% da terra. “Não é possível continuarmos com a concentração de terra e acesso limitado aos recursos naturais, como a água. Esse é um dos grandes problemas da agricultura familiar, camponesa, indígena”, destacou ele, destacando a contradição entre produzir 80% dos alimentos no mundo e quase metade da pobreza e fome estar no campo. “Esperamos que daqui a dez anos possamos voltar aqui com uma nova estatística. Erradicar a pobreza, garantir acesso aos recursos naturais”, afirmou em seu discurso.
Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Ele ressaltou ainda que os 7 grandes pilares foram construídos num processo democrático, tendo inclusive a contribuição da Conferência de Bilbao para esse plano de ação. Agora, se torna necessário a criação de [GM1] planos nacionais, leis que fortaleçam a agricultura familiar, programas que se tornem políticas públicas para o setor. O coordenador da COPROFAM denunciou a existência de um processo mundial de criminalização dos movimentos sociais, das organizações. “Deveríamos estar fazendo o contrário, pois não haverá democracia se não houer organizações fortes capazes de interferir nesse processo”, afirmou no discurso, sendo grandemente aplaudido.
A expectativa é que ao investir os próximos dez anos na agricultura familiar os objetivos avancem e ajudem a alcançar os objetivos sustentáveis da OCDE. “Que as mulheres sejam empoderadas, os jovens estimulados a permanecer no campo. Para isso, a carta dos direitos dos camponeses é imprescindível para alcançar a agenda 21”. Alberto Broch pediu ajuda para dialogar com os governos, que o mundo mude para melhor, uma agricultura familiar saudável, forte, integrada aos mercados é sinônimo de desenvolvimento, de ter uma agricultura familiar saudável e consequentemente haverá meio ambiente mais saudável.
A próxima etapa é a implementação do plano de ação, que traz consigo muitas expectativas em prol dos resultados esperados. Para Alberto Broch, a prioridade central é erradicar a fome e diminuir a desigualdade social que existe no campo hoje. “A nossa maior expectativa, que também é uma grande meta e nos atribui muito trabalho pela frente, é de que a Década possa diminuir com a pobreza e fome que assola o meio rural hoje. E além disso, levar real qualidade de vida e de trabalho para as pessoas que nele vivem. A Década só fará sentido se alcançarmos a realidade de mudar a qualidade de vida dos homens e mulheres que vivem e trabalham produzindo alimentos nas áreas rurais de todo o planeta”.
Confira a íntegra do Plano Mundial de Ação da Década da ONU para a Agricultura Familiar em espanhol:
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