Paulista, Ademar Bertucci, teve uma trajetória de vida e militância ligada à luta pela democratização do país e ao combate à pobreza. Formado em Economia aos 25 anos na Faculdade Santo André (SP), trabalhou longo período como pesquisador, professor, gestor de políticas públicas no campo do trabalho e assistência social, foi também, gestor de programas e projetos sociais, em especial no campo da economia solidária.
Passou por organizações do campo social importantes como a FASE (Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional), IBRADES (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento), Cáritas Brasileira. Ademais no Governo do Distrito Federal, Universidade de Brasília (UNB), Ministério do Trabalho, Ministério da Indústria e Comércio e CEBRAE – Conselho Nacional da Micro e Pequena Empresa (atual Sebrae). O economista era associado honorário e fundador da Associação Brasileira de Pesquisadores de Economia Solidária (ABPES). Colaborou nos Conselho Federal de Economia (1981 a 2013), Conselho Nacional de Economia Solidária (2006 a 2013) e Conselho Nacional de Assistência Social (2012 a 2014), além dos Fóruns, Fórum Nacional de Segurança Alimentar, Fórum Brasileiro de Economia Solidária e Fórum de Erradicação do Trabalho Infantil.
Ao longo dos seus 50 anos de profissão, teve experiência de trabalhos no Brasil, Suíça, Chile, Equador, Venezuela, Colômbia, Peru e Argentina. Enquanto membro da Regional Leste I da CNBB, trabalhou como assessor de Comunidades Eclesiais de Bases (CEBs) na década de 70 no Rio de Janeiro.
Em 1991 foi contratado pela Cáritas para pesquisar os Projetos Alternativos Comunitários – PACs da Cáritas Brasileira. Concluiu seu mestrado em 1995 na UNB em Políticas Sociais, com o título: “A construção do sujeito no contexto dos excluídos: o caso dos Projetos Alternativos Comunitários – PACs da Cáritas Brasileira.” Na ocasião trabalhava no Governo do Distrito Federal, na Secretaria do Trabalho ocupando o cargo de “Coordenador dos Programas de Formação Profissional, Emprego e Renda e de Formação de Gestores Públicos.
Os Projetos Alternativos Comunitários (PACs), surgiram na década de 80 com o trabalho da igreja católica, em especial da Cáritas Brasileira que nesta ação apoiava pequenas iniciativas associativas, capazes de promover a mudança na vida das pessoas através da solidariedade. Ademar começou a trabalhar na assessoria nacional da Cáritas Brasileira em momento de um processo de avaliação dos PACs, que provocou neste programa uma série de mudanças que no seu desenrolar, se tornou a economia popular solidária da forma que conhecemos hoje.
Ademar esteve presente de 1999 a 2014 na Cáritas Brasileira, atuando com o Programa de Segurança Alimentar, Crianças e Adolescentes, Direitos Humanos e principalmente com a Economia Solidária (Fundos Solidários, Centro de Formação em Economia Solidária, Política Pública e Agentes de Desenvolvimento Local)
Foi um dos principais animadores e mobilizadores do processo de organização das entidades atuantes neste campo, o que em 2013 culminou na organização dos Fóruns Estaduais e Nacional de Economia Solidária (Fórum Brasileiro de Economia Solidária – FBES) no Fórum Mundial Social que aconteceu em Porto Alegre/ RS. Ainda este processo visou fortalecer a presença destas organizações em espaços de gestão de políticas públicas que visavam consolidar um novo modelo de desenvolvimento fundado na solidariedade, a partir dos pequenos.
Fruto de um processo avaliativo dos Projetos Alternativos Comunitários (PACs) a partir de 1995 nas regionais da Cáritas começaram a surgir mudanças na sua forma de atuação. Numa outra compreensão, os PACs passaram a ser vistos enquanto iniciativas produtivas capazes de promover a geração de renda a seus membros, desenvolvimento social e auto-sustentabilidade.
Sempre muito ativo, na semana anterior ao seu falecimento Ademar participou como palestrante do II Congresso Nacional de Pesquisadores em Economia Solidária (II CONPES) que aconteceu nos dias 26 e 28 de setembro de 2018. Falou sobre o desafio da Economia Solidária no atual contexto.